O "Horizonte Matemático" é uma vista de uma esfera bidimensional imersa num espaço tetradimensional de forma a que exista um só ponto no qual a superfície se intersecta a si mesma. Para ver como isto funciona, comecemos por notar que as superfícies em espaços tetradimensionais se intersectam habitualmente em pontos em vez de em curvas, como é habitual em três dimensões. Por exemplo, tomando os eixos x, y, z, e w, os planos xy e zw são planos bidimensionais num espaço tetradimensional e intersectam-se num único ponto: a origem.
Para formar a esfera apresentada no "Horizonte Matemático", começámos por tomar o disco unitário no plano xy e o disco unitário no plano wz; como eles se intersectam num ponto único, formam a auto-intersecção essencial da superfície. O truque agora é ligar as fronteiras destes dois discos de maneira a formar uma esfera, e de forma a não produzir mais nenhuma auto-intersecção.
As fronteiras são dois círculos, que podem ser parametrizados por
(cos ,
sin
, 0, 0)
e (0, 0, cos
,
sin
).
Para um
dado, estes dois pontos,
juntamente com a origem, determinam o plano no espaço tetradimensional
(basta pensar nos pontos como vectores com início na origem gerando o
plano). Para valores de
diferentes,
estes planos intersectam-se apenas na origem, portanto se para cada
unirmos os dois pontos fronteiros por
uma curva sobre o plano, juntámos as fronteiras dos dois discos para
formar uma esfera sem auto-intersecções adicionais, como pretendido.
|
Os dois pontos (cos |
Notar que os dois pontos, quando considerados como vectores começando na origem, são vectores unitários perpendiculares, pelo que funcionam como eixos unitários x e y no plano xy. A intersecção do plano gerado por estes dois vectores e um dos discos é o segmento de -1 a 1 segundo o eixo x, e com o outro o segmento correspondente no eixo y. Estes dois segmentos formam uma "cruz" na origem. Uma forma natural de os ligar é por meio de dois arcos circulares, formando assim um oito com um eixo de simetria ao longo da linha y = x. Uma versão composta da esfera bidimensional no espaço tetradimensional pode ser produzida desta maneira. Por outro lado, podemos formar uma versão regular da superfície se partirmos de um oito regular (em vez de um definido por segmentos).
A equação (cos t, sin 2t) parametriza um oito que
possue como eixo de simetria o eixo x, enquanto que a equação
(cos t,(1/2) sin 2t) = (cos t,
sin t cos t) = cos t (1,
sin t) é esteticamente mais agradável, pois os lóbulos do
oito são mais arredondados e cruzam-se num ângulo de 90 graus. A rotação
de 45 graus desta curva em torno da origem porduz um oito suave com eixo
de simetria segundo a linha y = x e intersecção tangente
aos eixos x e y, como pretendido. Usando uma matriz de
rotação standard com ângulo =
/4, obtemos
Escrevendo isto em notação vectorial, fica
Agora, a substituição dos vectores (1,0) e (0,1) pelos dois vectores
da fronteira dos discos no espaço tetradimensional fornece uma
parametrização suave da esfera bidimensional no espaço tetradimensional
por t e com exactamente um ponto
de auto-intersecção transversal:
Note-se que esta superfície está dentro da esfera unitária no espaço tetradimensional e toca a esfera unitária quando t = 0, nomeadamente ao longo da curva
um círculo na esfera tetradimensional. A imagem apresentada em
"Horizonte Matemático" é a projecção estereográfica desta superfície a
partir do ponto neste círculo onde =
0. Como a superfície passa através do ponto de projecção, a sua imagem
parece prolongar-se até ao infinito no espaço tridimensional. Foram
removidas algumas bandas da superfície para ajudar a visualização da sua
estrutura e parametrização.